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Índice

 

Prólogo

Bem-vindos a um momentum muito especial para mim e para muitos dos visionários e pioneiros que construíram as fundações do nosso ecossistema digital atual, essas “tubulações” que são a infraestrutura e o software que permitiram a formação das camadas tectônicas que hoje nos sustentam, aos antigos ecomercionistas e às novas gerações também.

Celebrar um quarto de século de existência como indústria merece prestar uma homenagem àqueles que se atreveram a sonhar e a transformar suas visões em realidade, e é que, como poderão ler neste documento vivo que reúne experiências, anedotas e dados precisos sobre a formação das empresas e startups mais emblemáticas da Ibero-América, nem todos os que deram seu granito de areia estavam conscientes do que aconteceria, no que se tornariam essas tentativas, algumas falhas e outras bem-sucedidas.

Gosto de dizer que “o visionário é o louco que consegue o que deseja”, mas certamente nem todos sabiam que estavam fazendo a coisa certa. Ter uma visão e estar à frente, inovando com o que é necessário, mas ainda não existe, nos fez parecer loucos, nos confrontou com os momentos mais tensos de nossa história: arriscar tudo por uma ideia, copiar o que funcionava em outros países, tentar entender o negócio, fundar ou deixar passar.

“Loucos”, mas mais lúcidos do que nunca.

Neste livro vivo, faremos uma viagem através do “sou digital” de cada um dos visionários e pioneiros, entendendo que muitos propósitos esperavam que a tecnologia avançasse ou a conectividade chegasse a tempo. Veremos como começaram suas próprias empresas, quais conseguiram o reconhecimento popular e quem o fez à margem da visibilidade.

Notarão que alguns desses pioneiros não estão completamente ligados à tecnologia ou às vendas online. Como costumo dizer nas entrevistas que fiz a eles, a alguns “caiu a ficha” e ativaram uma busca inesperada, quando pensavam que suas vidas estavam indo para outro caminho. Alguns eram mais economistas do que ecomercionistas, marketeiros de agências tradicionais que precisaram entender a chegada da internet e mudar de rumo para seguir na corrida, esportistas que se depararam com uma necessidade e souberam como construir a solução, e assim, centenas de histórias que formam o quebra-cabeça desses 25 anos do ecossistema digital da Ibero-América.

Aqui compartilho apenas uma pequena seleção das milhares de experiências que tenho para contar e que, pouco a pouco, iremos atualizar. Animem-se a interagir com este conteúdo, navegando por seus diversos formatos -audiovisual, textual e até investigando por meio de nossa inteligência artificial aumentada e generativa. Animem-se, caso tenham algo para contar, a fazer parte da história. Lembrem-se de que este é um livro vivo, que será constantemente atualizado.

Depende de nós que a história seja devidamente contada e aprendida, por isso, esta é a desculpa para descobrir como chegamos até aqui, qual foi a origem e o que é aquilo que acende o nosso ser digital e que, com o passar dos anos, nos motiva a continuar sonhando e concretizando aquele mundo onírico que tanto tem feito bem a todas as indústrias e economias do mundo.

Sobre como navegar esta coleção de livros vivos

Gênese de um Futuro Digital é um livro vivo, uma coleção de diferentes Momentums que serão apresentados no formato de livro vivo. É a primeira publicação desse tipo na história editorial, utilizando todos os recursos tecnológicos que atualmente temos disponíveis em um só lugar, para que você não apenas possa lê-lo em formato digital ao acessar o site oficial, mas também possa interagir com seu conteúdo e participar com seu próprio relato.

Conscientes de que estamos compartilhando muito mais que palavras e muito mais que um registro histórico, reuni uma equipe multidisciplinar para desenhar o formato vivo, que permite navegar o passado, presente e futuro do ecossistema digital na Ibero-América, podendo descobrir, aprender e contribuir com o reconhecimento do mesmo por meio dos seguintes recursos:

  1. Leitura enriquecida: Graças à colaboração de mais de 150 especialistas que foram entrevistados e que gentilmente compartilharam suas experiências e conhecimentos, mais um detalhado trabalho documental, cada um dos livros vivos que fazem parte da coleção Gênese de um Futuro Digital é uma janela que permite explorar os marcos, depoimentos e tendências que moldaram o comércio digital. Você pode começar sua jornada pelo livro vivo que desejar, sem a obrigação de seguir uma correlação. Por ser um formato vivo, alguns momentums podem estar em desenvolvimento, caso em que o convido a se inscrever para receber uma notificação ou contribuir com conteúdo para o mesmo.

Ao acessar os livros desta coleção, você obtém:

  • Conteúdo completo em múltiplos formatos: texto, vídeo, áudio, fichas de perfil e glossário.
  • Acesso a mais de 150 entrevistas com pioneiros e referências do comércio digital na Ibero-América, disponíveis na playlist elideres x25 no canal oficial do eCommerce Institute no YouTube.
  • Ouça onde quiser: Cada livro tem uma versão de audiolivro com relatos únicos sobre a origem do ecossistema digital na Ibero-América. O primeiro audiolivro já está disponível para você ouvir onde quiser e mergulhar na origem do ecossistema digital na Ibero-América, contado por alguns dos protagonistas em primeira pessoa.
  • Interatividade e atualização constante: Não se limite a ler; explore um mundo de conteúdo multimídia que inclui vídeos, fichas de perfil, glossário e muito mais. Esta experiência multimodal e multidimensional oferece uma perspectiva completa e enriquecida.
  • Experimente uma leitura dinâmica graças ao suporte de inteligência artificial aumentada, que adapta a experiência às suas preferências e necessidades.
  • Por ser um livro vivo, os conteúdos são constantemente atualizados para refletir as mudanças e avanços no ecossistema digital, mantendo você sempre informado.
  • Participação ativa: Você também pode fazer parte desta narrativa. Contribua com seu testemunho, casos, anedotas ou investigações para enriquecer ainda mais este conteúdo. Complete o formulário online e faça parte do futuro do ecossistema digital.
  • Contribua com seu testemunho, casos, anedotas, estudos ou investigações, enriquecendo assim o conhecimento compartilhado sobre a Gênese do ecossistema digital. Para isso, complete o formulário que você encontrará em genesisfuturo.digital.
  • Potencialize a experiência com Inteligência Artificial Aumentada e Generativa: Tem alguma dúvida ou quer se aprofundar em algum tema específico?

Características destacadas da coleção de livros vivos: Gênese de um Futuro Digital

  • Colaborativo e documentado: Mais de 150 especialistas colaboraram para fornecer uma visão completa do ecossistema digital na Ibero-América.
  • Inovador e tecnológico: Utiliza inteligência artificial generativa e aumentada para oferecer uma experiência de leitura avançada e dinâmica, adaptada às necessidades do leitor moderno.
  • Multimídia e multidimensional: Integra diferentes formatos de conteúdo, como texto, vídeo, áudio, fichas de perfil e glossário, proporcionando uma experiência de leitura enriquecida.
  • Atualizável e dinâmico: Por ser um livro vivo, os conteúdos são atualizados constantemente para refletir as mudanças e avanços no ecossistema digital.

Pioneiros e visionários do comércio eletrônico na Ibero-América

No momentum O despegue digital desta coleção Gênese de um futuro digital, exploramos os primórdios do comércio eletrônico na Ibero-América, desde a venda por catálogo até os primeiros passos da web 1.0, passando pela influência de grandes armazéns e eventos globais. Essa base histórica nos permite entender como o comércio eletrônico evoluiu na região e nos prepara para aprofundar no papel fundamental que desempenharam os pioneiros e visionários da indústria, que com o passar dos anos se transformou em um ecossistema.

Desde as primeiras tentativas de digitalizar o comércio nos anos 90, passando pela explosão da bolha das ponto-com, até a consolidação de um ecossistema digital robusto, cada etapa foi marcada por desafios e triunfos. A chegada de tecnologias como a internet de banda larga, os dispositivos móveis e as redes sociais, além de eventos massivos como o Cyber Monday e o Black Friday, foram momentos-chave que impulsionaram o crescimento do comércio eletrônico na região.

No entanto, como o comércio eletrônico poderia ter evoluído sem o encontro do homem com a tecnologia e sem o desenvolvimento de processadores e computadores? Por isso, quando entrevistei os visionários e pioneiros da indústria, perguntei-lhes sobre suas duas versões: o seu eu digital, representado pelo encontro com a primeira tecnologia ou dispositivo que despertou seu interesse; e o seu eu pioneiro, aquele que, ao explorar as ferramentas, iniciou seu caminho em uma das equipes que motivaram o começo dessa corrida que, anos depois, simula a orquestração da Fórmula 1.

Observe nesta linha do tempo como esses visionários surgiram no comércio varejista tradicional, até plantar suas inquietações na construção do que, tempos depois, se tornou a indústria do comércio eletrônico:

Você notará que esta linha do tempo está marcada por quatro grupos de pioneiros e visionários, entre os quais quero destacar, particularmente, aqueles que atualmente não possuem tanta visibilidade, mas que, ainda assim, fizeram uma enorme contribuição para este ecossistema ao identificar uma necessidade e apostar nela.

Se me permitem generalizar, apenas para encontrar uma definição precisa, os integrantes desses grupos compartilham aspectos comuns entre si, o que nos permite entender quais interesses coletivos os ajudaram a se fortalecer mutuamente, mesmo sem que isso fosse intencional.

A seguir, compartilho os quatro grupos de pioneiros e visionários, as características que eles têm em comum e os projetos que desenvolveram:

Precursores ou “não tão visíveis”

Os precursores do comércio eletrônico na Ibero-América foram os primeiros a enxergar o potencial da internet para transformar indústrias tradicionais. Eles introduziram inovações fundamentais em uma época em que a tecnologia digital ainda estava em estágios iniciais de desenvolvimento. Suas iniciativas pioneiras estabeleceram as bases para o ecossistema digital, demonstrando que era possível digitalizar serviços que até então eram exclusivamente físicos.

Este grupo destacou-se pela capacidade de assumir riscos em tempos de incerteza, marcando o início do comércio eletrônico na região. Entre eles estão Wenceslao Casares, pioneiro ao fornecer internet para residências em 1994, quando era restrita a empresas; e Constancio Larguía, ambos fundadores do Patagon, uma das primeiras plataformas de banco online que revolucionou o setor financeiro na Ibero-América. Destacam-se também Roberto Vivo Chaneton e Roberto Cibrian Campoy, fundadores do El Sitio, um dos primeiros portais de internet da região, fundamental para popularizar a web.

Algumas plataformas nasceram para resolver necessidades específicas. Um exemplo é o BuscaPé, criado por Rodrigo Borges, que, ao buscar um modelo de impressora na internet e não encontrar informações como preço ou especificações, resolveu criar uma solução. Junto com Romero Rodrigues Filho Ronaldo, Takahashi e Mário Letelier, fundaram o BuscaPé em 1998, com um investimento mensal de R$ 100 para hospedagem, desenvolvimento do sistema e design, no estilo “startup de garagem”. Romero liderou o projeto desde o início, conduzindo sua internacionalização e expansão, além de sua venda para a Naspers em 2009.

Os precursores dessa época eram capazes de enxergar além dos negócios e das plataformas em si, algo que, na época, era limitado pela baixa conectividade e pelo consumidor pouco motivado a comprar online.

Explorar este período revela muitas histórias e projetos que se transformaram em grandes empresas. Algumas mudaram de nome e proprietários, mas nasceram de uma visão. É possível que muitos não se lembrem desses precursores, e por isso me entusiasma que este livro seja enriquecido com contribuições daqueles que agora leem e pensam: “Tenho algo para contar”. A vocês, peço que compartilhem; este livro vive na medida em que vocês tomam a iniciativa de contribuir.

Fundadores

Os fundadores são visionários que construíram as primeiras grandes plataformas de comércio eletrônico na Ibero-América. Eles identificaram oportunidades de negócio no ambiente digital e escalaram suas iniciativas para alcançar milhões de usuários. Compreenderam profundamente o mercado e as necessidades dos consumidores, desenvolvendo soluções que facilitavam transações online de forma segura e eficiente.

Entre eles estão Marcos Galperín, cofundador do MercadoLibre, a maior plataforma de comércio eletrônico da América Latina; Alec Oxenford, fundador da Deremate.com e cofundador da OLX; Roberto Souviron, cofundador do Despegar.com; e os cofundadores do Bumeran: Diego Pando Soldati, Diego Favarolo, Diego Kancepolski, Pablo Larguia e Santiago Pinto Escalier.

Em 2003, Nicolás Tejerina adquiriu o Bumeran por 1 euro, integrando-o à Navent, uma holding digital com presença em nove países, abrangendo diversos sites como Zonajobs e Imovelweb. Essa visão permitiu que Tejerina expandisse os negócios, consolidando sua liderança no setor.

Germán Quiroga, fundador da Americanas.com e membro do conselho de grandes varejistas, também merece destaque. Nos anos 90, criou plataformas de comércio eletrônico pioneiras, como a primeira loja online do Pão de Açúcar em 1994. Ele transformou a Americanas.com de uma loja tradicional em um gigante do comércio eletrônico.

Potencializadores

Os potencializadores são aqueles que levaram as bases criadas pelos fundadores a um novo nível de sofisticação e acessibilidade. Este grupo introduziu soluções como superapps e bancos digitais, promovendo a adoção em massa de serviços digitais.

Entre eles estão Simón Borrero, Sebastián Mejía e Felipe Villamarín (Rappi); Ariel Burschtin, Álvaro García e Rubén Sosenke (PedidosYa); David Vélez, Cristina Junqueira e Edward Wible (Nubank); e Carlos García Ottati, Roger Laughlin e Loreanne García (Kavak), que transformaram o mercado de carros usados na América Latina.

Aceleradores do ecossistema

Os aceleradores são líderes que criaram um ambiente favorável para o crescimento e a inovação no comércio eletrônico. Eles desenvolveram plataformas tecnológicas avançadas e serviços de apoio, possibilitando que outras empresas prosperassem no ambiente digital. Além disso, desempenharam papéis fundamentais na educação de talentos e na promoção de políticas que favorecem o setor.

Esse grupo é crucial para o desenvolvimento contínuo do ecossistema, garantindo que ele permaneça dinâmico e inovador.

Por um lado, Mariano Gomide de Faria, Geraldo Thomaz, Alexander Soncini, Rafael Forte, Gustavo Ríos, Marcelo Couto, Fabio Schimidt, Rafinha Campos e quem vos escreve, Marcos Pueyrredón (VTEX), líderes em soluções de comércio digital e na transformação de varejistas. Por outro lado, Martín Migoya, Guibert Englebienne, Martín Umaran e Néstor Nocetti (Globant), pioneiros na criação de soluções tecnológicas que colocaram a América Latina na vanguarda global.

Para compreender a influência desses pioneiros, é essencial começar reconhecendo o contexto tecnológico da época e depois mergulhar no universo dos recursos que permitiram que esses visionários enfrentassem os desafios iniciais do comércio eletrônico e se tornassem protagonistas das primeiras iniciativas do setor.

A evolução dos computadores e processadores e seu impacto no comércio eletrônico

Minha jornada digital começou com a descoberta do Spectrum 32K, um dos computadores domésticos mais populares na Europa nos anos 80, fabricado pela Sinclair Research. Sem tela nem dispositivo de armazenamento, meu Spectrum dependia de fitas cassete para guardar dados. Como eu, muitos pioneiros do nosso ecossistema digital começaram explorando essas “maquininhas” sem imaginar o que fariam com elas no futuro, mas com uma sede de conhecimento que os movia.

Alguns, como Germán Quiroga, brincavam; outros tentavam entender o mundo dos códigos por trás dos pixels. Não importava a idade, a época ou o tipo de computador: qualquer tempo livre era suficiente para ligá-lo e explorar. Não há treinamento melhor do que aquele que desperta o interesse pelo conhecimento, como aconteceu com Joaquín Sosa, cofundador e CEO da Data4Sales:

Será que o pai dele sabia que aquele presente seria crucial para o desenvolvimento profissional do filho? Ele apostava em dar ao filho uma ferramenta que o ajudaria a se tornar um visionário da indústria? O processo de aprendizado e adoção de novas tecnologias levou tempo, tanto para Joaquín quanto para outros, como Francisco de la Roza, cujo primeiro contato significativo com a tecnologia foi através de um Commodore 64, um presente do pai que custava o equivalente a um carro na época. Este primeiro computador despertou sua paixão pela tecnologia e o introduziu ao mundo dos BBS (Bulletin Board Systems) na adolescência.

De fato, a evolução dos computadores e processadores, desde o Sinclair ZX Spectrum até o Intel Pentium II em 1997, proporcionou a base tecnológica necessária para o desenvolvimento e crescimento do comércio eletrônico.

As melhorias na interface do usuário, na capacidade de processamento e na conectividade transformaram a internet em uma plataforma viável para o comércio, revolucionando a forma como consumidores e empresas interagem e realizam transações. Para ilustrar melhor, podemos dividir essa evolução em três períodos principais: pré-internet, auge da internet e desenvolvimento das infraestruturas. Em seguida, analisaremos como os pioneiros e visionários do comércio eletrônico na Ibero-América aproveitaram essas mudanças.

A era pré-internet e o comércio eletrônico inicial

Antes da popularização da internet, os computadores pessoais já estavam começando a transformar a forma como empresas e consumidores interagiam. A introdução de sistemas operacionais gráficos, como o Apple Macintosh e o Windows 3.0, tornou os computadores mais acessíveis e fáceis de usar para o público em geral, preparando o terreno para a futura adoção do comércio eletrônico.

Nesse período, por exemplo, Sergio Candelo, fundador da Snoop Consulting e membro da Câmara de Empresas de Software e Serviços Informáticos da Argentina (CESSI), começou sua exploração tecnológica em 1997, configurando fax e telefone em seu computador pessoal. Longe da nuvem e do que veio com a internet, Candelo, junto com Gustavo Guaragna, fundou uma empresa de tecnologia no ano 2000. A empresa se dedicava ao desenvolvimento de software e à implementação de produtos tecnológicos de infraestrutura, como bancos de dados e servidores de aplicativos.

Isso me lembra do período em que fui diretor da Latinvia, no final dos anos 90. A empresa era dedicada ao desenvolvimento, integração e operação de soluções de e-business, atendendo mais de 3.000 clientes e 30.000 usuários. Começamos com a ideia de levar infraestrutura digital a empresas da região. Um de nossos maiores feitos foi a criação de um produto empacotado, o “workbox”, que continha um CD com o software necessário para montar uma loja online.

Solução WorkBox SALE web, versão 01. Edição do ano 2001.

Conjunto de soluções Workbox: Teletrabalho, Escritório Virtual, Sale Web ou Loja Online, AssistYa, entre outras. Edição do ano 2000.

Embora hoje pareça inacreditável, naquela época isso era revolucionário. A entrega de algo tangível aos clientes, como mencionamos em concordância com Sergio Candelo durante a entrevista, facilitava a venda, mesmo após o advento da internet. Esse sistema permitiu que muitas empresas locais dessem seus primeiros passos no mundo digital, estabelecendo as bases para o robusto ecossistema de e-commerce que temos hoje na região.

O auge da internet e o crescimento do comércio eletrônico

Jack Welch, o renomado executivo americano conhecido por sua liderança na General Electric (GE), afirmou que a internet foi o evento mais importante desde a Revolução Industrial. Em apenas cinco anos, o índice Nasdaq saltou de menos de 1.000 pontos para mais de 5.000, e 4 de cada 10 dólares de capital de risco foram investidos em negócios digitais.

Enquanto a internet ainda era vista como “algo em formação”, Geraldo Thomaz e Mariano Gomide repetiam como um mantra: “Se você quer ser alguém, precisa fazer parte da formação de algo.”

A chegada do Windows 95 e do Netscape Navigator, o primeiro navegador web amplamente popular, foi um marco. Em 1994, a internet tornou-se uma plataforma viável para o comércio. A evolução dos processadores, como o Intel Pentium, possibilitou que computadores pessoais gerenciassem melhor tarefas multitarefa e processamento de dados, aspectos fundamentais para o funcionamento de sites de e-commerce.

Durante os anos 90, a conectividade era um dos principais desafios para empresas que desejavam operar internacionalmente. Marcelo Galperín, cofundador e CEO da VirtualSeller.com e do MercadoLivre.com, compartilhou sua experiência como gerente de sistemas em uma multinacional:
“Meu desafio era conectar os escritórios na Ásia, Europa e Estados Unidos de forma centralizada. Naquela época, as conexões via satélite eram caras e pouco confiáveis, então comecei a explorar o uso da internet, que estava apenas começando.” O relato de Marcelo nesta entrevista é crucial para entendermos o desenvolvimento de uma infraestrutura digital robusta.

Impacto no desenvolvimento de infraestrutura

O desenvolvimento de processadores mais poderosos e eficientes, como o Pentium Pro e a série Pentium II, possibilitou a criação de servidores mais robustos, capazes de lidar com o crescente tráfego online e as demandas de processamento de transações de e-commerce. Isso foi vital para o surgimento de empresas como Amazon e eBay nos anos 90.

Os avanços nos processadores foram determinantes para o crescimento do comércio eletrônico. Desde o Intel Pentium II até os atuais processadores de múltiplos núcleos, a capacidade dos computadores para processar grandes volumes de dados e executar aplicativos complexos melhorou exponencialmente. Isso permitiu que plataformas de e-commerce processassem transações mais rapidamente, reduzindo significativamente os tempos de espera e aprimorando a experiência do usuário.

Esses avanços também aumentaram a conectividade e acessibilidade. Processadores modernos, como os das séries Intel Core e AMD Ryzen, viabilizaram dispositivos móveis e portáteis mais eficientes, possibilitando acesso às plataformas de e-commerce em qualquer lugar e a qualquer momento. Isso impulsionou o comércio móvel (m-commerce) e permitiu aos consumidores realizar compras com maior conveniência.

Guillermo Varela, CEO da Mr. Gen e atual vice-presidente da Câmara de Economia Digital do Uruguai, destacou o impacto do iPhone como um catalisador na indústria:

Não podemos ignorar que a evolução dos processadores também trouxe avanços significativos na segurança e proteção de dados. Os processadores modernos incluem recursos avançados que protegem transações online contra fraudes e ataques cibernéticos, fundamentais para conquistar a confiança dos consumidores.

Além disso, melhorias de desempenho permitiram o desenvolvimento de interfaces mais sofisticadas e atraentes, introduzindo tecnologias como realidade aumentada (AR), inteligência artificial (AI) e aprendizado de máquina (ML). Essas inovações transformaram a interação dos consumidores com plataformas de e-commerce, oferecendo recomendações personalizadas, chatbots inteligentes e experiências imersivas.

Um ponto de inflexão foi a invenção das VPNs (Redes Privadas Virtuais), que possibilitaram o uso seguro de aplicativos corporativos via internet. Marcelo Galperín destaca esse avanço como fundamental para o sucesso do Mercado Livre:
“Para mim, a invenção das VPNs foi crucial porque permitiu que aplicativos corporativos fossem executados de forma segura na internet. Isso foi essencial para a infraestrutura do Mercado Livre.”

Em resumo, a evolução das tecnologias de 1997 até hoje foi fundamental para o crescimento do comércio eletrônico. Melhoria no desempenho, conectividade, segurança e experiência do usuário elevaram o e-commerce a novos patamares, abrindo portas para inovações futuras.

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Fonte: Gênese de um Futuro Digital (2024)

A história dos pioneiros e visionários

Alberto Calvo, “Beto” para os amigos deste ecossistema, compartilhou comigo esta foto, e com ela surgiu uma pergunta que ecoa o dilema das origens: o que veio primeiro, o consumidor ou o comércio?

Jane Snowball realizando sua primeira compra eletrônica (BBC, 2013)

Aos 72 anos, Jane Snowball realizou a primeira compra online em 1984. Ela adquiriu margarina, ovos e Corn Flakes de um supermercado Tesco usando o Videotex, um sistema de comércio eletrônico que gerava uma lista básica de itens por meio da televisão.

Embora o Videotex já fosse utilizado por empresas, especialmente no setor de turismo, foi uma iniciativa das autoridades da comunidade de Gateshead que impulsionou seu uso como o primeiro sistema de compras online entre empresas e consumidores.

“O que realmente fizemos foi transformar uma televisão doméstica em um terminal de computador”, explicou Michael Aldrich em uma entrevista à BBC. Aldrich era nada menos que o criador dessa tecnologia.

Aqui surge a pergunta que, anos depois, permeou as inquietações de todos que contribuíram para construir esse ecossistema digital: se, como ele afirma, o sistema já era usado em outra indústria, será que foi o consumidor quem redefiniu sua utilidade?

Como vimos anteriormente, a evolução de computadores, processadores e dispositivos móveis foi, sem dúvida, um catalisador constante para as compras online, mas foi apenas ao capturar a atenção do consumidor que essa ideia inovadora se transformou em um negócio.

Aprofundei essa questão em minha coluna no LinkedIn “Os de antes e os de agora”, que vale a pena ser lida. A visão, inovação e determinação de quem deu os primeiros passos, quando ainda nem existia uma indústria, lançaram as bases para o desenvolvimento de plataformas de e-commerce, a adoção de novas tecnologias e a criação de marcos regulatórios e educacionais que facilitaram a expansão do comércio digital.

O encontro entre o desenvolvimento da indústria e o consumidor aconteceu gradualmente, à medida que ambos eram beneficiados. No entanto, para alcançar essa harmonia, pelo menos na Ibero-América, foi necessário atravessar um oceano de histórias que hoje iluminam este livro vivo, dando vida à história dos pioneiros e visionários.

Ao explorar as experiências de alguns deles, poderemos entender como incorporaram conhecimentos na prática e se tornaram visionários ao enxergar o potencial do que estava por vir. Notarão que essa fase de exploração foi muito lúdica, pois exigiu tempo de jogo, tentativa e erro, ou, se preferir, de aprendizado autodidata para descobrir o que poderia ser feito com as “maquininhas” que chegavam às nossas mãos.

Assim como o Spectrum 32k despertou minha curiosidade, outros pioneiros, como Alberto Ibarra, Diretor de TI da C&A México, iniciaram sua jornada com servidores físicos e armazenamento em fitas por volta do ano 2000. Contudo, na grande entrevista que concedeu para este registro, ele destacou:

À medida que a tecnologia evoluía, esses pioneiros encontravam cada vez mais ferramentas para testar suas capacidades e incorporá-las nas “escuderias” do comércio eletrônico, que ganhava forma como indústria. Esse período de crescimento logo seria obscurecido pelo estouro da bolha da internet e o início de uma era de incertezas.

Nesse intervalo de tempo, antes de 1999 e durante o encerramento desse ciclo, alguns pioneiros que já faziam parte da indústria começaram a formar as “escuderias” do que, mais tarde, se tornaria a Fórmula 1 desse ecossistema digital. A maioria já foi mencionada no início, ao tratar do grupo de precursores, fundadores, potenciais e aceleradores do ecossistema digital. Contudo, trarei alguns exemplos destacados durante as entrevistas que realizei.

Roby Cibrián, Chairman & Founder e SVP de Vendas e Marketing na BrainDW, comentou sobre esse tema:

Nesse mesmo ano, outro visionário e pioneiro, Eric Pérez Grovas, Co-Fundador e Sócio Geral na Wollef, iniciou sua jornada na Mercado Livre no México.

Ao mencionar a chegada da Mercado Livre ao cenário, quero destacar a experiência de Hernán Kazah, cofundador do marketplace que, com convicção e perseverança, conseguiu se posicionar de forma competitiva na região.

O primeiro contato de Hernán Kazah com o mundo digital foi por meio de um Spectrum Plus 64k, uma versão mais potente do computador com o qual comecei, que também precisava de um gravador de fitas para carregar programas. Essa primeira incursão na programação, durante os anos de ensino médio, marcou o início de sua jornada. Contudo, vários anos depois, após ingressar na multinacional Procter & Gamble, conhecida como P&G, ele conheceu a área de marketing, administrando marcas e adquirindo experiência na gestão de negócios tradicionais.

Posteriormente, teve a oportunidade de ir a Stanford para cursar um MBA em 1997, exatamente quando a Netscape e a internet estavam se popularizando. No coração do Vale do Silício, mergulhou no mundo da tecnologia e dos negócios digitais. Durante esse período, uniu-se a um projeto com Marcos Galperín, que também estudava em Stanford. Em 1999, ambos cofundaram o Mercado Livre.

O primeiro escritório onde funcionava o Mercado Livre (La Nación, 2019)

Os primeiros dias do Mercado Livre foram muito humildes. Começaram em duas garagens no subsolo de um edifício que fecharam com painéis de gesso. À medida que a empresa crescia, adicionaram mais garagens, mas eventualmente foram expulsos do prédio por condições consideradas insalubres. Isso os levou a estabelecer seu primeiro escritório oficial.

Kazah me falou sobre esse período com uma mistura de nostalgia e orgulho. Curiosamente, ele não enfatizou tanto o modelo de negócios inovador do Mercado Livre, como fez com a execução, foco, disciplina, consistência e constância. Esses atributos permitiram à empresa crescer e se consolidar no mercado. Aqui está a chave que a maioria dos pioneiros e visionários usou para superar a desconfiança, a falta de investimento e os outros ventos contrários.

O sucesso do Mercado Livre demonstrou que é possível construir empresas de classe mundial a partir da região. Kazah menciona que, nos últimos 25 anos, o impacto da tecnologia na América Latina foi impressionante e que o que está por vir nos próximos 25 anos será ainda mais transformador.

Fico com seu relato sobre seus primeiros passos, seu eu digital.

Notem que naquele ano, entre o fenômeno das ponto-com e a fatal explosão da bolha, muitos negócios se perderam, mas ao mesmo tempo, muito se aprendeu sobre esse negócio, por exemplo, como evitar outro boom e nos tornarmos uma indústria sólida quando algo assim nos surpreendesse novamente. Quem diria, isso aconteceu duas décadas depois.

No meio da explosão das ponto-com, em 1999, Marcelo Galperín lembra desses primeiros dias com entusiasmo:

“Em 1999, quando Marcos me chamou para registrar os domínios do Mercado Livre, já sabíamos que o futuro estava no comércio eletrônico. Foi um momento crucial para a massificação da internet e a criação de um ecossistema digital.”

Esse período foi fundamental para a construção do ecossistema digital que anos depois revolucionaria o comércio na América Latina.

Nesse mesmo ano, juntou-se ao nascente Mercado Livre outro dos visionários da indústria. Osvaldo Giménez, que conheceu Marcos Galperín e Hernán Kazah quando fizeram seus MBAs em Stanford, voltou para a Argentina dessa experiência convencido de que queria empreender e trabalhar em tecnologia.

“Era claro para mim, há 25 anos, que a internet ia mudar o mundo, que haveria um antes e depois, que era um ponto de inflexão”, lembra sobre aqueles primeiros dias.

Com essa certeza, ele pensou em várias ideias para impulsionar algum projeto na internet, até que se encontrou com Galperín e Kazah, e eles o convenceram a se tornar o primeiro country manager do Mercado Livre na Argentina. “Era um título grandioso porque éramos 20 pessoas em uma garagem”, confessa sorrindo.

Mas o cargo talvez refletisse a clareza da visão que o gigante do comércio eletrônico regional já tinha desde o início, como me comenta o próprio Giménez:

“Queríamos ser uma empresa de classe mundial, avaliada em mais de 1 trilhão de dólares, e líder em tecnologia e na revolução da internet na América Latina. Ser uma empresa de classe mundial estava desde o princípio.”

Para Osvaldo, que começou a experimentar com tecnologia programando Basic com sua equipe Comodor 64 e com um curso de Lotus que sua mãe o enviou quando tinha apenas 15 ou 16 anos, esse foi o início de seu papel de “piloto digital” no Mercado Livre, onde hoje é presidente de Fintech.

Retomando o que estava contando sobre Kazah, e antes de ele tirar o Mercado Livre de uma garagem, Guido Grinbaum lia, durante uma viagem de avião que fez com seu pai, uma lista das melhores empresas do momento; entre elas estava o eBay. Nesse momento, Guido trabalhava na Pepsi (empresa que ele se juntou com o objetivo de receber um salário e usar praticamente 90% dele para pagar as dívidas adquiridas com seu empreendimento anterior), e foi durante essa viagem que disse a seu pai: “Vou pedir demissão da Pepsi e vou fazer o eBay da América Latina.”

Guido Grinbaum é nada menos que fundador e cofundador de várias empresas, entre elas DineroMail, DeRemate.com, Covedisa, Block Academy e Dridco, o grupo que continha o ZonaJobs, ZonaProp, DeMotores e ZonaCitas.

Sem dúvida, essa experiência consolidou sua visão de que o comércio eletrônico era o futuro, e por isso, inspirado por suas experiências, decidiu se aventurar no mundo do comércio eletrônico, fundando o DeRemate.com junto com seu irmão Sergio Grinbaum e Alex Oxenford, empresa que rapidamente se tornou uma das plataformas de leilões online mais importantes da região, mas que sofreu com a feroz concorrência e a necessidade de criar uma infraestrutura tecnológica robusta. Embora tenha sabido como sobreviver à explosão das ponto-com, a chegada do Mercado Livre foi avassaladora e os encontrou sem capacidade de investir em um crescimento sustentável.

Sergio Grinbaum, CEO da Think Thanks, começava sua carreira no âmbito digital com firmeza, depois de experimentar com diversos empreendimentos em indústrias tão variadas como fabricação de sapatos, o mundo têxtil e plantações de uva. Esses empreendimentos lhe proporcionaram uma base sólida na gestão e no desenvolvimento de negócios.

O salto de Sergio para o comércio eletrônico aconteceu quando se uniu ao DeRemate.com junto com seu irmão. Ele lembra esse período como uma época agitada e de muito aprendizado, já que estavam criando um novo mercado sem precedentes na região.

Capa do site de compra e venda online (Merodeador.com, 2008)

No Deremate.com, Grinbaum se concentrou na operação e na oferta de produtos, trabalhando diretamente com os vendedores para gerar uma base de produtos sólida e diversificada. Esse trabalho foi fundamental para o sucesso inicial da plataforma.

Um dos momentos mais decisivos em sua carreira foi a explosão da bolha das ponto-com no início dos anos 2000. Esse evento marcou um ponto de inflexão para muitas empresas de tecnologia, incluindo o Deremate.com, e forçou a reavaliação das estratégias e abordagens no comércio eletrônico.

Mas se falarmos sobre a visão daqueles que pavimentaram o caminho para os gigantes, o que Gloria Canales, Chief Digital Officer na Coppel, compartilhou comigo foi fenomenal.

“Isso começou para mim em 2004, quando fui viver nos Estados Unidos, e lá era muito fácil. […] Então, volto para o México em 2009 e percebo que não podia comprar online porque não havia oferta.”

Como ela mesma conta, Gloria Canales se introduziu no mundo digital quando se mudou para os Estados Unidos em 2004. Naquele momento, percebeu as vantagens do comércio eletrônico, pois podia fazer suas compras sem sair de casa, especialmente em condições climáticas adversas. Essa experiência foi uma revelação para ela, destacando o conforto e a eficiência do ecossistema digital dos Estados Unidos.

No entanto, ao retornar ao México em 2009, ela se deparou com uma realidade muito diferente. O comércio eletrônico estava em seus estágios iniciais, com oferta limitada e serviços deficientes. As lojas online frequentemente fechavam à noite e nos finais de semana, e as devoluções só podiam ser feitas nas lojas físicas. Essa falta de desenvolvimento no ecossistema digital mexicano foi o que motivou Gloria a ver uma grande oportunidade.

Junto com David Geisen, Gloria decidiu lançar um site de vendas online em 2011, focando em roupas e sapatos, uma indústria com boas margens e grande potencial. O Dafiti nasceu em 2012, e apesar do ceticismo inicial, conseguiram se estabelecer no mercado mexicano.

O curioso aqui é que estamos falando de muitos anos após o estouro das ponto-com e daquele tempo de exploração. Uma década depois daquele momento, e já consolidados como uma indústria, o grande desafio era a desconfiança do consumidor.

Após o sucesso com o Dafiti, Gloria se juntou à Amazon em 2014, mas sobre isso vamos nos aprofundar mais adiante, quando chegarmos aos marketplaces.

Localizado no México, um dos pioneiros que movimentou a roda das vendas online no país foi, sem dúvida, Pierre-Claude Blaise, cofundador e Diretor Geral da Associação Mexicana de Vendas Online (AMVO), um visionário do comércio eletrônico que se define mais como um “arquiteto de negócios” do que como um piloto digital. Seu interesse pela arquitetura o ensinou a projetar e executar planos, o que se tornou uma habilidade fundamental para sua carreira.

Em 2014, Blaise decidiu dar uma guinada radical em sua carreira, deixando o mundo corporativo para se aprofundar no comércio eletrônico. Essa decisão foi impulsionada por sua curiosidade em entender uma parte da economia que na época estava muito nova e em pleno desenvolvimento.

Trabalhou durante um ano em uma empresa líder de moda no México para entender o funcionamento do comércio eletrônico. Esse período lhe permitiu descobrir um mundo totalmente novo e aprender como a tecnologia poderia se integrar às empresas tradicionais.

Um dos momentos mais significativos na carreira de Blaise foi a criação da Associação Mexicana de Vendas Online (AMVO) em 2014. Naquele momento, o comércio eletrônico representava apenas 1% do varejo no México. A AMVO nasceu com a visão de aumentar esse percentual e educar o mercado tanto a nível de consumidores quanto de empresas.

“A visão de alguns pioneiros foi: Este mercado é muito pequeno. Precisamos trabalhar juntos para fazer o ecossistema crescer. Todos vamos continuar ganhando”, comenta Blaise.

Blaise destaca a colaboração e o foco em resultados mensuráveis como fatores-chave para o sucesso da AMVO, que foi fundamental para a transformação digital no México.

Devo dizer que Blaise vê a América Latina, e particularmente o México, com o potencial de se tornar um hub global de talento e produtos digitais. Ele destaca a empatia, ambição e astúcia dos latinos como características que diferenciam a região e a posicionam favoravelmente no cenário internacional.

É possível que, neste ponto da jornada pelos pioneiros e visionários, você perceba que, na maioria dos casos, o “eu digital” deles foi o ponto de partida para o “eu pioneiro”. Embora seus interesses estivessem ligados ao mundo do esporte ou a outras indústrias, finalmente, a chegada de um dispositivo às suas vidas os mergulhou em uma corrida com mais oportunidades do que poderiam ver.

Mas a grande contradição para esses pioneiros evoluírem como visionários era justamente que os momentos em que a tecnologia lhes fornecia as ferramentas com as quais poderiam amadurecer a indústria não coincidiam. Visto dessa forma, a maturação do setor foi muito mais longa e assíncrona em relação à sua evolução.

No entanto, enquanto a década de 90 se fechava com uma ameaça de bomba-relógio para o novo mundo online, algumas indústrias já começavam a analisar dados, reconhecendo que para ser visionário, era preciso ver o invisível. O passo de Justo Aban do setor bancário para o comércio eletrônico é um bom retrato disso.

Aban começou sua jornada no mundo digital em meados dos anos 90, quando trabalhava no Citibank no México, na área de Data Warehouse. Naquele momento, seu trabalho consistia em sugerir promoções com base em consultas SQL, aplicando lógica binária para ajudar a equipe comercial. Esse foi seu primeiro contato com a análise de dados e a tecnologia voltada para os negócios.

Seu interesse pelo comércio eletrônico começou a se desenvolver após ler disciplinadamente a revista “Business 2.0” e, inspirado pelos artigos sobre novas tecnologias e modelos de negócios, decidiu se juntar a uma startup chamada MyAlfred em 1998. Esse projeto foi uma cópia de um modelo europeu de comparação de preços, onde Aban teve a oportunidade de construir o site e gerenciar operações em vários países.

Fonte: Três exemplares de “Business 2.0” (Arquivo privado de Justo Aban)

“Um bom amigo saiu do Citibank e foi para uma startup chamada MyAlfred. Ele me convidou e eu pulei. Disse, bem, essa é minha vocação, faço isso porque me fascina e adoro”​​.

Durante seu tempo na MyAlfred, Aban trabalhou incansavelmente para levantar o site, gerenciando operações no México, Miami e Argentina. Esse período foi um tsunami de trabalho, com longas horas e poucos momentos de descanso, mas lhe permitiu aprender e crescer no campo do comércio eletrônico.

Após sua experiência na MyAlfred, Aban foi contratado pelo Palacio de Hierro para iniciar e desenvolver a área de conteúdo digital. Passou dez anos nesta empresa, aprendendo e se adaptando constantemente às novas tecnologias e métodos de comércio eletrônico.

Para Aban, o trabalho no comércio eletrônico tem sido uma fonte constante de diversão e aprendizado. Apesar dos desafios e da pressão, considera que unir negócios, tecnologia e processos foi uma experiência multifacetada e gratificante.

“Meu trabalho foi pura diversão. Dedicar-se a unir negócios, tecnologia, processos… para mim é diversão”​​.

E sim, o comércio eletrônico sempre foi uma indústria promissora, mas ninguém garantia que seria rápido e sem suar a camisa. Todos reclamam de noites sem dormir, investimentos frustrados no meio do caminho e a luta feroz para posicionar o negócio online.

Pensava nisso quando Lorena Díaz Quijano, consultora e mentora no desenvolvimento de talento e líderes ágeis e digitais, me falava sobre seus começos e sobre seu eu pioneiro em uma escuderia tão exigente quanto desafiadora.

Ela lembra da intensa competição entre MercadoLivre e DeRemate, comparando-a à rivalidade entre times de futebol: “Para quem não lembra de DeRemate, era como falar do Barcelona e Real Madrid, do Boca-River”. Essa competição a levou a ser uma das poucas pessoas a trabalhar em ambas as empresas, o que lhe proporcionou uma perspectiva única do mercado nos primeiros anos.

“Fui a primeira a trabalhar no Mercado Livre depois de estar no DeRemate”​​.

Antes disso, seu eu digital surgiu de maneira intuitiva e progressiva. Desde o início, teve uma forte inclinação para a tecnologia e o comércio eletrônico, o que mais tarde a levou a integrar-se à Câmara Argentina de Comércio Eletrônico (CACE) com grande foco no desenvolvimento de estudos sobre o setor para ter dados concretos e medir o crescimento, trazendo assim seriedade e credibilidade ao setor.

Como pioneira, Lorena foi uma das primeiras a apostar em eventos massivos como o Cyber Monday na Argentina. Sua capacidade de liderar e coordenar esses esforços a tornou uma figura chave na evolução do comércio eletrônico na região​​.

E é que olhar para as experiências de quem marcou a liderança mundial na indústria foi uma luz e inspiração para os pioneiros. Sobre isso, Osvaldo Giménez lembra como, desde o nascimento do Mercado Livre, tinham claro 3 principais objetivos: conectar vendedores e compradores; facilitar o pagamento na plataforma e tornar possível o envio dos produtos.

“Assim começamos em 1999, e o segundo passo foi dado em 2003, com a criação do Mercado Pago”.

Em 2000, o eBay comprou o PayPal por quase 1,5 bilhões de dólares; essa nova plataforma estava facilitando a operação ao possibilitar os pagamentos online. Por isso, para Osvaldo, o primeiro grande momento de alavancagem da indústria, relacionado aos meios de pagamento, foi justamente a fundação do Mercado Pago, a primeira carteira digital da América Latina.

“Significava ter os trilhos para que os compradores pudessem pagar os vendedores. Você poderia se independizar dos cartões e havia garantia de que o pagamento seria concretizado”.

De sua perspectiva, seguiram-se dois momentos cruciais sobre os métodos de pagamento. O segundo foram as ações regulatórias – primeiro no Brasil e na Argentina, e agora estendidas a outros países – para permitir a aquisição de terceiros. “Isso permitiu a inovação”, comenta.

E o terceiro ponto culminante é o auge do mobile, com Android e iPhone.

“Tínhamos criado algo que funcionava bem online. O mobile nos permitiu, então, que o mercado acessível não fosse apenas o mundo online, considerando que o e-commerce representava menos de 10% do varejo na região, mas sim poder ir para o mundo físico, com POS e QR”.

Olhando para o futuro, para Osvaldo Giménez, a história empreendedora do ecossistema digital que se formou na América Latina o enche de entusiasmo.

“Acredito que temos uma oportunidade enorme. Gostaria de ver uma formação matemática mais forte no ensino fundamental e médio, mais pessoas se graduando em engenharia nas universidades. O importante é que todas as histórias de sucesso contribuem para a narrativa. Se hoje você conta aos seus pais que vai empreender, a história é diferente da de 25 anos atrás”.

Por sua parte, é interessante o olhar de Laureano Turienzo, fundador da Associação Espanhola do Varejo (AER) e atual CEO da Retail New Trends, sobre as origens do comércio eletrônico, tema que pode ser lido no livro vivo; O Despegue Digital. No entanto, quero destacar aqui sua visão como um dos pioneiros que iniciou sua carreira digital em 1994 e que identifica várias fases dentro do comércio eletrônico a nível mundial, que também são aplicáveis à Ibero-América. Uma das primeiras fases foi a de credibilidade, onde a confiança do consumidor foi um elemento fundamental para a adoção massiva do comércio eletrônico​​.

No início, muitos consumidores eram céticos quanto à segurança das transações online. Turienzo enfatiza que a primeira grande fase do comércio eletrônico foi conseguir que as pessoas confiassem que, atrás da tela de seu computador, não havia uma “matilha de piratas”. Esse feito permitiu que o comércio eletrônico alcançasse a grande classe média mundial​​.

Foi crítico com certos conceitos tradicionais do varejo, como a experiência na loja e a omnicanalidade, defendendo uma visão mais unificada do comércio, onde o consumidor e os dados são os elementos centrais. Seu enfoque sempre foi na inovação e adaptação, analisando como as novas tecnologias, como inteligência artificial e realidade aumentada, estão transformando o cenário do varejo​​.

Um aspecto notável na filosofia de Turienzo é seu enfoque na humanização do comércio. Ele argumenta que separar o mundo digital do físico é absurdo, porque, no centro de ambos, estão as pessoas tomando decisões de compra. O atendimento ao cliente e a experiência de compra são elementos que ele considera essenciais para o sucesso no comércio, tanto digital quanto físico​​.

Por sua vez, Dimas Gimeno Álvarez, ex-presidente de El Corte Inglés e atual fundador e presidente do WOW Concept, iniciou sua carreira no mundo do varejo e da digitalização observando as transformações da indústria de dentro. Tendo trabalhado em uma empresa de varejo tradicional com mais de 80 anos de operação, foi testemunha de como o comércio começou com pequenas lojas de bairro e evoluiu para grandes armazéns, hipermercados e centros comerciais​​.

Gimeno aponta que um dos maiores desafios para os varejistas tradicionais tem sido adaptar-se às novas formas de comércio que surgiram com a digitalização. Esse processo de adaptação foi lento, principalmente porque as empresas bem-sucedidas se tornaram complacentes, com estruturas pesadas e processos de tomada de decisão lentos​​.

No início, muitos varejistas tradicionais desprezaram o formato online, o que permitiu que empresas como Amazon ganhassem terreno rapidamente. Essa visão tardia da digitalização deixou muitos varejistas tradicionais lutando para se atualizar​​.

“O mundo digital não é apenas outro competidor, mas um novo canal que exige integração total com os modelos físicos para ser eficaz”​​.

Gimeno enfatiza que a chave para o sucesso no comércio moderno está na convergência entre as experiências digitais e físicas. Ele observa que não haverá experiências 100% digitais nem físicas que sejam relevantes por si só; tudo deve convergir para oferecer uma proposta de valor integral ao consumidor.

E se estamos falando de omnicanalidade, Francisco de la Roza, Gerente Geral de Supermercados Peruanos S.A., que iniciou sua jornada no mundo digital desde cedo, influenciado pelo ambiente tecnológico de sua casa, foi um dos primeiros a visualizar como as empresas físicas começaram a entrar no mundo digital e omnicanal.

De fato, seus primeiros passos no comércio eletrônico foram com a VTEX, uma empresa com a qual colaborou desde 2012, aproximadamente, enfrentando os desafios de adaptar as operações tradicionais às novas exigências do comércio eletrônico.

Ele destaca vários fatores que aceleraram o crescimento do comércio digital na região, entre eles, a observação de tendências internacionais e a pressão dentro da indústria para não ficar para trás. Eventos massivos e avanços tecnológicos, como a adoção de dispositivos móveis, desempenharam um papel importante nessa transformação. Essas mudanças não só facilitaram o acesso ao comércio digital, mas também impulsionaram a evolução da logística e da experiência do cliente.

Francisco vê sua carreira como uma jornada cheia de aprendizados e provas, onde destaca a importância do trabalho em equipe e da capacidade de se adaptar às mudanças constantes do ambiente digital. Ao longo dos anos, valorizou a colaboração e a construção de um ecossistema que hoje está em pé de igualdade com mercados mais desenvolvidos.

Mas nem todos os começos foram iguais; enquanto alguns exploraram ferramentas tecnológicas, outros o fizeram através de plataformas. Este é o caso de Cristian Serrano, Co-Fundador da Advantage Digital, que iniciou sua trajetória digital de forma fortuita. Desde jovem, se interessou por tecnologias emergentes e começou a usar ferramentas digitais como ICQ, MSN Messenger e MySpace. Essas primeiras experiências como usuário o introduziram ao mundo digital e despertaram sua curiosidade sobre as possibilidades que esse novo meio oferecia.

O verdadeiro deslanche de Cristian no ambiente digital ocorreu quando foi convidado a trabalhar em uma agência brasileira, E-If Group, em São Paulo. Essa experiência marcou um ponto de inflexão em sua carreira, permitindo-lhe entender melhor o ecossistema digital sob uma perspectiva comercial e técnica. A E-If Group, que começou como uma agência física, já estava fazendo esforços significativos no ambiente digital, incluindo os primeiros passos no social listening.

Cristian é reconhecido por sua paixão e comprometimento no ecossistema digital, sendo comparado a um “vikingo” por sua força e coragem. Sua trajetória é marcada pela constante adaptação e aprendizado, destacando-se como um líder na indústria.

Ricardo Alonso, Sócio Fundador da The Blue Consulting & Partners e ex-CEO Corporativo da Falabella.com, iniciou sua carreira no mundo digital de maneira significativa durante seus anos universitários. Após concluir seus estudos, começou a trabalhar com uma grande empresa japonesa de tecnologia em 1997-1998. Essa experiência foi fundamental para sua compreensão e fascínio pelo que a tecnologia era capaz de alcançar.

Com uma base sólida em tecnologia, Ricardo e alguns amigos decidiram empreender criando uma startup focada em serviços de planejamento de casamentos online. Embora a ideia fosse inovadora e tivesse potencial, a explosão da bolha das ponto-com no ano 2000 afetou seus planos, impedindo que conseguissem o financiamento necessário.

Ricardo se uniu à Falabella no final dos anos 90, inicialmente interessado na área de marketing. No entanto, sua trajetória tomou um rumo significativo quando foi selecionado para participar de um grande projeto que envolvia a colaboração com consultores externos. Esse projeto lhe permitiu compreender de forma integral o ecossistema do varejo, incluindo operações, logística e tecnologia.

Ricardo foi uma figura chave na implementação do serviço “click and collect” na região, uma inovação que melhorou a experiência de compra ao integrar os canais físicos e digitais. Este serviço permitiu aos clientes comprar online e retirar os produtos nas lojas, oferecendo uma conveniência significativa.

Um dos maiores desafios que ele enfrentou foi a desconfiança dos consumidores nas transações online. Para lidar com isso, promoveu a criação de um código de boas práticas em segurança transacional e autorregulação dentro da indústria, ajudando a estabelecer padrões que gerassem confiança no comércio eletrônico.

Ele também impulsionou a iniciativa de realizar um evento similar ao Cyber Monday em outubro, ao invés de novembro, o que foi crucial para evitar colapsos logísticos e beneficiar o ecossistema do comércio eletrônico na região. Este evento se tornou um marco importante, aumentando a visibilidade do canal online e a faturação de muitas empresas.

Foi um pioneiro na evolução do comércio eletrônico na América Latina, desde seus primeiros passos em uma empresa de tecnologia até seu papel transformador no Falabella. Seu foco em inovação, segurança e melhoria da experiência do cliente deixou uma marca significativa na indústria do comércio digital.

Christian Finkelstein, Diretor Comercial – Revenue Management da Arredo, se formou profissionalmente em Londres, onde fez um mestrado no início dos anos 2000. Durante esse período, começou a perceber como a tecnologia digital começava a resolver problemas cotidianos, desde as compras no supermercado até trâmites com fornecedores de serviços públicos e bancos. Essas experiências o ajudaram a entender o potencial prático das tecnologias digitais na vida cotidiana.

Um dos momentos mais significativos na carreira de Christian foi seu trabalho na Arredo, uma empresa líder em produtos têxteis para o lar na Argentina e no Uruguai. Foi aqui que Christian desempenhou um papel importante na transição de um negócio tradicional para um modelo digital. Essa transição não foi simples, especialmente em uma categoria como têxteis para o lar, onde os clientes preferiam tocar nos produtos antes de comprá-los.

Christian também foi pioneiro na implementação de estratégias como o “click and collect”, que permitiram à Arredo integrar seus canais físicos e digitais de maneira eficaz. Essa estratégia não só melhorou a experiência do cliente, mas também ajudou a aumentar as vendas online.

Christian enfatiza a importância da cultura organizacional e dos processos no sucesso do comércio digital. Destaca que, embora a tecnologia seja um facilitador, os verdadeiros desafios estão nos processos e na cultura da empresa. A colaboração dentro da indústria e a adaptação contínua são fundamentais para enfrentar os futuros desafios do comércio digital.

Quem iniciou sua carreira na indústria do comércio eletrônico de uma maneira inesperada foi Fabrizio Cascianelli, Head of Sales & Marketing da VTEX. Sua entrada no mundo digital aconteceu por meio de sua conexão com a Riverwood, um dos investidores da VTEX.

Joaquín Lima, um sócio principal da Riverwood no Brasil, lhe contou sobre a busca por uma pessoa para cuidar da parte comercial e ajudar na expansão da VTEX. Naquele momento, Fabrizio estava trabalhando em um coworking com amigos em investimentos alternativos, mas a chegada recente de um filho fez com que ele buscasse maior estabilidade, o que o levou a considerar essa nova oportunidade.

Fabrizio começou a trabalhar na VTEX no final de 2016, justamente quando a empresa estava se consolidando como uma PME em expansão. Inicialmente, ele achou que seu papel seria mais analítico, mas logo percebeu que precisavam de alguém para cuidar das vendas. Essa mudança de direção, de números para relações, foi um ajuste significativo em sua carreira, mas um que ele abraçou com entusiasmo.

Um dos momentos decisivos na carreira de Fabrizio foi sua experiência trabalhando na Morgan Stanley em 1998, onde acompanhava empresas de internet. O IPO do eBay no final de 1998 ou início de 1999 foi particularmente impactante para ele, pois marcou a transformação do eBay no primeiro grande marketplace. Esse evento influenciou sua visão sobre o comércio eletrônico e a agregação de ofertas de múltiplos vendedores em uma única plataforma.

Na VTEX, Fabrizio testemunhou uma rápida evolução nas soluções e capacidades da empresa. Desde suas primeiras apresentações até as mais recentes, ele viu como a tecnologia e as estratégias evoluíram significativamente, refletindo o crescimento e a adaptação contínua no comércio eletrônico.

Desde os pioneiros e visionários que se inseriram no mundo digital descobrindo dispositivos, códigos, plataformas, até aqueles que começaram a construir essa indústria já inseridos em grandes empresas, transformando o que foi dado e confiando que sempre há algo além desse horizonte que marca a união entre o ecossistema e o consumidor, que o integra à cadeia de suprimentos e que se desmonta para se reorganizar; todos esses, que deram sua contribuição neste livro, marcam um marco na gênese do futuro digital. Mas não são os únicos. Convido-os a visitar a dimensão multimídia deste livro vivo e continuar explorando o ecossistema digital da Ibero-América. Ainda há muitas vozes, experiências e anedotas para ouvir e ver.

Conclusão

Neste livro vivo intitulado Pioneiros e Visionários do Comércio Eletrônico na Ibero-América, propus a vocês uma viagem através da evolução do comércio eletrônico na região, desde seus humildes começos até se tornar um pilar fundamental da economia moderna. As histórias dos pioneiros e visionários que exploramos são um testemunho da inovação, resiliência e capacidade de adaptação em uma região que frequentemente enfrenta desafios únicos.

Uma reflexão interessante que surge dessas histórias é a importância da visão a longo prazo e da adaptabilidade em um ambiente tecnológico que muda constantemente. Os pioneiros do comércio eletrônico na Ibero-América não apenas viram as oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias, mas também tiveram a audácia de perseguir essas oportunidades, muitas vezes em um contexto de incerteza e resistência à mudança.

Após ler essas frações de anedotas, devemos absorver a lição de que o sucesso no mundo digital não se alcança apenas com tecnologia avançada, mas com uma combinação de visão, estratégia e, acima de tudo, uma profunda compreensão das necessidades e comportamentos dos consumidores. A capacidade de antecipar tendências, aprender com os fracassos e persistir diante das adversidades tem sido um denominador comum entre esses pioneiros, que têm algo que muitos de vocês já ouviram-me dizer constantemente: consistência e constância, mas, principalmente, em muitos casos, uma overdose extra de disciplina com muita paixão para fazer o imediato possível e o impossível, que leva um pouco mais de tempo.

Olhando para o futuro, o ecossistema digital da Ibero-América está repleto de possibilidades. A integração de tecnologias emergentes como inteligência artificial, blockchain e realidade aumentada promete transformar ainda mais a maneira como compramos e vendemos online. No entanto, é essencial lembrar que o verdadeiro motor do progresso são as pessoas: os inovadores, os empreendedores e os consumidores que juntos criam, adaptam e adotam essas tecnologias.

Em última análise, as lições desses pioneiros nos ensinam que, embora a tecnologia possa ser um grande facilitador, são a paixão, a criatividade e a determinação humana que realmente impulsionam a mudança. À medida que continuamos navegando no dinâmico mundo do comércio eletrônico, devemos nos concentrar nessas qualidades e em como podemos continuar inovando para construir um futuro digital mais inclusivo, eficiente e emocionante para todos.

Este livro é tanto uma homenagem a quem abriu caminho quanto um convite à ação para as futuras gerações de inovadores na Ibero-América. A jornada do ecossistema digital celebra um quarto de século de existência, mas está longe de terminar, e as oportunidades para continuar transformando a economia digital são infinitas. Ao refletirmos sobre o passado e aprender com esses visionários, estamos mais preparados para enfrentar os desafios do futuro e continuar construindo um ecossistema digital próspero e sustentável.

Próximos títulos

Gênese de um Futuro Digital não é simplesmente uma coleção de livros vivos; é um testamento vivo dos momentos e das participações dos pioneiros-chave que deram forma ao ecossistema digital na Ibero-América. Por meio de testemunhos vividos em primeira pessoa e uma pesquisa profunda, este projeto registra os 25 momentums que marcaram a evolução do comércio eletrônico desde seus primórdios até os dias de hoje.

Cada livro é um convite para navegar o oceano digital em constante mudança e evolução, atravessando as ondas e o eTsunami que marcaram um antes e um depois para o ecossistema, reconhecendo cada passo dado pelos visionários e pioneiros que deram forma à indústria do comércio eletrônico, e descobrindo as últimas inovações tecnológicas.

O livro vivo é uma experiência única de aprendizado e descoberta que oferece uma perspectiva completa do passado, presente e futuro do ecossistema digital em nossa região.

Explore os próximos títulos desta coleção Gênese de um Futuro Digital que revelam os segredos, desafios e triunfos por trás do mundo do comércio digital na Ibero-América:

Sobre o autor


Como pioneiro na transformação do comércio eletrônico na Ibero-América, me orgulho de ter contribuído para o desenvolvimento e consolidação do ecossistema digital na região. Ao longo da minha carreira, adquiri uma formação especializada com forte componente de gestão e ocupei diversos cargos de liderança na indústria, trabalhando incansavelmente para desenvolver e impulsionar o crescimento do ecossistema e da inovação no comércio digital.

 

Sobre sua formação:

  • Especialização em Gestão de Negócios Eletrônicos pela Universidade do Salvador (USAL), com dupla titulação com a Georgetown University.
  • MBA com orientação em Direção de Projetos Digitais pela USAL e pela The State University of New York (SUNY).
  • Certificação em programas de prestígio como: Global Leading Businesses Program e o Global Management Excellence Program da Harvard Business School, e a Certificação em Gestão de Comércio (CMX) e Arquitetura de Comércio (CAC) pelo European Institute for Commerce Management (EICOM).

Sobre suas responsabilidades, cargos e contribuições atuais:

  • Co-fundador e SVP Global Executive da VTEX (NYSE: VTEX), líder na transformação do comércio digital em varejistas e marcas na América Latina e globalmente.
  • Presidente Honorário e membro da Comissão Diretiva e Executiva da Câmara Argentina de Comércio Eletrônico (CACE).
  • Fundador, diretor e presidente do Instituto Latino-Americano de Comércio Eletrônico (eCommerce Institute).
  • Membro da comissão diretiva da Data & Marketing Association Chapter Argentina (DMA).
  • Membro da comissão diretiva da Entrepreneur Organization Chapter Argentina (EOs)
  • Diretor e professor no Mestrado em Gestão Estratégica de Marketing Digital e Negócios por Internet na Universidade de Buenos Aires (UBA).
  • Professor no Mestrado em Administração de Negócios (MBA) da Universidade de Buenos Aires (UBA).

Com uma sólida base educacional e ampla experiência na indústria, estou comprometido em continuar impulsionando o crescimento e a inovação no comércio digital na Ibero-América.

A realização deste livro vivo que reúne a história e relatos que reconstróem os 25 anos de transformações, desde a origem do comércio eletrônico, seu modelo online e digital, é uma iniciativa mais que busca reunir o ecossistema em uma ação colaborativa que nos permita reconhecer os diferentes momentums que nos trouxeram até hoje e que, de alguma maneira, este documento ajude a dar visibilidade ao impacto positivo que o ecossistema digital gera na economia geral de cada um de nossos países, da região e do mundo, e a construir um futuro digital próspero e sustentável, onde as oportunidades sejam acessíveis para todos, destacando sempre todo o potencial que faz da Ibero-América um referente global no âmbito do comércio digital.

Sobre a equipe

Este livro vivo é o resultado do esforço e colaboração de uma equipe multidisciplinar e multifacetada, cujo compromisso é levar a experiência do ecossistema digital na Ibero-América a novas alturas. Conheça a seguir o grande dre@m te@m por trás de Gênese de um Futuro Digital.

Quer conhecer minha Dream Team?

Este libro vivo es el resultado del esfuerzo y la colaboración de un equipo multidisciplinario y multifacético, cuyo compromiso es llevar la experiencia del ecosistema digital en Iberoamérica a nuevas alturas. Conoce a continuación al gran dre@m te@m detrás de Génesis de un Futuro Digital.


Este time é um exemplo prático de trabalho moderno, utilizando de forma intensiva as tecnologias disponíveis em colaboração para oferecer uma experiência única de aprendizado e descoberta no fascinante mundo do comércio digital na Ibero-América.

Cada membro da equipe contribui com sua experiência e paixão em áreas-chave que vão desde o design até a produção de conteúdo, passando pela aplicação de tecnologias inovadoras, como a inteligência artificial aumentada. Juntos, estão transformando a maneira como interagimos com o conhecimento e a informação no mundo digital.

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